quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Repercusão: Obras a passos lentos na Olho D’água

Por WELLINGTON SILVA, da Folha de Pernambuco

Intervenções em lagoa, que fica em Jaboatão, ainda não foram cumpridas

As intervenções na Lagoa Olho D´água, em Jaboatão dos Guararapes, estão andando em ritmo lento para a população que mora nas proximidades. Isto porque, desde 2008, o Governo Federal liberou recursos do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC), cerca de R$ 111 milhões, destinados às melhorias de infraestrutura, saneamento e desapropriação da comunidade ribeirinha. Contudo, nesse período, só foi cumprida uma das três etapas previstas: construção de conjuntos habitacionais, urbanização da Lagoa e drenagem para conter o assoreamento. Apesar disso, segundo a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab), órgão responsável pela realização dos serviços, as intervenções estão sendo feitas dentro do prazo previsto. Na manhã de ontem, o assunto foi discutido em uma audiência pública realizada no auditório da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

O maior impacto da degradação do manancial, também conhecido como Lagoa do Náutico, é sentindo pela população no período de chuvas, quando os bairros da Zona Sul de Jaboatão ficam alagados. “Sempre que chove é um sufoco. É água para todo lado. Isso pode ser visto pelas grandes poças de água em diversas ruas como a Coronel Kleber de Andrade”, contou o vice-presidente da União dos Moradores do Parque Residencial Olho D´água, Naelson Sales. Além disso, poluição de esgotos, proliferação de doenças infecto-contagiosas, queimadas e matança de animais são outros problemas enfrentados pelos moradores.

De acordo com o presidente da Cehab, Nilton Mota, 320 unidades habitacionais foram entregues em julho deste ano a alguns ribeirinhos. Até julho de 2012 está prevista a entrega de mais de mil unidades. “É importante destacar, em relação ao atraso, que em 2008 o estado fez o contrato com a Secretaria das Cidades, quando foram captados R$ 111 milhões para esta intervenção, dos quais R$ 52 milhões foram destinados à construção de 1.397 unidades habitacionais e R$ 59 milhões para as outras intervenções. A gente sabe que esse processo de captação de recursos não é coisa simples, pois existem várias etapas, além das autorizações”, justificou.

Ainda segundo Mota, também estão sendo feitas algumas análises da área. “É necessário elaborar esses planos para termos um diagnóstico expressivo da população e das intervenções necessárias. Estamos há 60 dias da conclusão deles, que vão nos direcionar e guiar as intervenções”, explicou. A expectativa da Cehab é iniciar as intervenções físicas na Lagoa ainda em outubro, após a finalização dos estudos.

Para a secretária de Desenvolvimento da Cidade de Jaboatão, Fátima Lacerda, o grande desafio é fazer com que a lagoa seja referência do desenvolvimento do município. “Para isso, estamos desenvolvendo um plano de macrodrenagem, que nos dará algumas diretrizes para a realização das intervenções. Aliado a isso, o município está passando por uma re-estruturação da legislação urbana na tentativa de impedir a construção desordenada próxima à Lagoa”, destacou. Ainda segundo Fátima, há o projeto de pavimentação de algumas ruas no entorno do manancial.

Com um espelho d´água de quase 400 hectares, a Olho D´água é a maior lagoa em formação de restinga em área urbana do Brasil, com uma área duas vezes maior que Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Estima-se que no seu entorno vivam 35 mil pessoas e mais de 200 mil serão beneficiadas com as intervenções. “Me indigna como cidadão ver que tem o recurso, mas não tem os projetos. Para quem mora lá, um dia significa muito”, expressou o publicitário Herbert Fernandes, 28, responsável pela criação de um blog (www.lagoaolhodagua.com.br) que acompanha as intervenções na lagoa.

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