sexta-feira, 24 de julho de 2009

Poluição da Lagoa Olho D’água provoca possível resistência em caramujos: esquistossomose se espalha

Um artigo científico publicado em 2006 pela revista Química Nova (Quim. Nova, Vol. 29, No. 5, 901-906, 2006) revela que a poluição da Lagoa Olho D’Água está provocando uma possível resistência nos caramujos da espécie Biomphalaria glabrata, principal vetor de transmissão da esquistossomose. Isso significa que os caramujos estão cada vez mais fortes e difíceis de serem eliminados do ambiente.

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, a Lagoa Olho D’Água tornou-se um dos locais no Estado de Pernambuco onde ocorre grande incidência dessa espécie de caramujo e, conseqüentemente, contaminações por esquistossomose. Os cientistas afirmam no estudo, que o caramujo está tão bem adaptado as condições físico-químicas da Lagoa Olho D’Água, que nem o alto índice salino da água (que é 15 vezes superior ao que o caramujo normalmente suporta) é capaz de matá-lo ou conter sua multiplicação.

Outro dado alarmante é que, nas amostras de água coletadas em alguns pontos da lagoa, foi constatada a presença de Cromato (metal pesado) e de outras substâncias químicas, tais como, dióxido de titânio, níquel, zircônio e amônia; que são comuns na fabricação de tintas e também utilizadas por indústrias metalúrgicas. Essas substâncias em altas quantidades, além de prejudicarem o meio ambiente, favorecem a multiplicação de doenças, podendo contaminar os peixes e por em risco a saúde das pessoas que consumi-los, provocando, inclusive, câncer.

“A amônia, considerada tóxica para muitos organismos aquáticos, foi encontrada em maior quantidade no Esgoto Olho D’água e neste local foram achados caramujos sobrevivendo com teores médios de amônia de 39,2 g/L, sem ter sido constatado, visivelmente, nenhuma alteração na morfologia dos caramujos. O limite máximo que já pode inibir o crescimento da espécie é de 25 mg/L”. - afirmam os autores


FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO FAZ A ESQUISTOSSOMOSE AVANÇAR


A esquistossomose é uma infecção parasitária que necessita seguir um ciclo para contaminar o homem. As pessoas já infectadas eliminam os ovos do Schistosoma mansoni através das fezes. Esses ovos, quando eliminados na água, eclodem, liberando uma larva ciliada denominada miracídio, a qual penetra no caramujo.


Após quatro a seis semanas o caramujo desenvolve a forma infectante - a cercária - que é liberada nas águas naturais e está pronta para penetrar na pele humana intacta. O contato humano com as águas contaminadas pelas cercárias é a maneira pela qual o indivíduo adquire a esquistossomose.



A falta de saneamento básico é a principal causa dos altos índices de contaminação por esquistossomose nas margens da Lagoa Olho D’água. Quando chove a lagoa transborda (em virtude do assoreamento) e grande parte dos mais de 52.000 habitantes que vivem na lagoa são obrigados a pisar na água contaminada.


Numa breve visita à lagoa é possível constatar o grande número de caramujos que transmitem a doença. Até o momento a prefeitura de Jaboatão não desenvolveu nenhuma política pública de saúde que vise o diagnóstico e prevenção da doença, que pode trazer enormes complicações à saúde humana, inclusive levando o indivíduo a óbito.




DIAGNÓSTICO, SINTOMAS, PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Diagnóstico da esquistossomose

Para diagnóstico da esquistossomose o médico pode pedir teste de fezes ou de urina para checar se a pessoa tem o parasita. Também já foi desenvolvido teste de sangue para detectar esquistossomose. Para resultados mais precisos, a pessoa deve esperar 6 a 8 semanas depois da última exposição à água contaminada antes de fazer o teste de sangue.

Sintomas da esquistossomose

Dias após infectada, a pessoa pode desenvolvem erupções e coceira na pele. Febre, calafrios, tosse e dor muscular podem começar dentro de 1 a 2 meses depois da infecção. A maioria das pessoas não apresenta sintomas na fase inicial da infecção. Os ovos viajam ao fígado ou passam para o intestino ou bexiga, causando inflamação ou cicatrizes. Crianças que são repetidamente infectas podem desenvolver anemia, subnutrição e dificuldades de aprendizado. Depois de anos de infecção o parasita pode danificar o fígado, intestinos, pulmões e bexiga. Em raras ocasiões os ovos podem ser achados no cérebro ou cordão espinhal e causar convulsão, paralisia ou inflamação do cordão espinhal.


O que a pessoa deve fazer se achar que tem esquistossomose?


Caso a pessoa ache que tenha esquistossomose deve procurar um médico. Caso resida ou teanha viajado para regiões onde a esquistossomose é presente, teve contato com lagos, canais ou rios, onde tenham caramujos. Explique que pode ter sido exposto à água contaminada.

Como prevenir a esquistossomose?

  • Evite nadar em lagos, lagoas, canais e rios em regiões onde a esquistossomose ocorre. Nadar no oceano e piscinas com cloro é geralmente considerado seguro;
  • Certifique-se que a água que bebe é segura. Caso tenha dúvidas, ferva a água por 1 minuto ou a filtre;
  • Em regiões com esquistossomose a água de banho deve ser aquecida por 5 minutos a 65°C. Água mantida em caixas d'água por mais de 48 horas pode ser considerada segura para banho;
  • Se houver exposição acidental rápida a água potencialmente contaminada, secar-se vigorosamente com toalha pode ajudar a prevenir que o parasita penetre na pele;
Tratamento para esquistossomose

Estão disponíveis remédios seguros e eficientes para o tratamento da esquistossomose. A pessoa em tratamento recebe comprimidos para tomar por 1 ou 2 dias. É importante que a doença seja diagnosticada logo no início para evitar complicações. Se não tratada, a esquistossomose pode provocar danos irreversíveis ao organismo e até mesmo matar.

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