quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

INÍCIO DAS CHUVAS E DO TRANSTORNO PARA QUEM VIVE NAS PROXIMIDADES DA LAGOA



O início das chuvas de verão significa transtornos e prejuízos aos moradores qua vivem nas proximidades da Lagoa Olho D'Água. São dezenas de bairros e comunidades afetados pelas enchentes constantes. Não importa se o morador está na área nobre, como na Av. Bernardo Vieira de Mello, ou numa comunidade miserável bem às margens da lagoa. Quando a chuva chega não há como escapar dos transtornos provocados por ela. Alagamentos constantes nas principais vias da cidade, buracos, congestionamentos, carros quebrados, ônibus com roteiros modificados em virtude dos alagamentos (prejudicando várias comunidades), proliferação de doênças como a filariose, a leptospirse e a esquitosomose (estas são apenas as mais graves) além dos prejuízos morais e financeiros àqueles moradores que perdem tudo com as enchentes.O problema não é recente. Há mais de 20 anos os moradores dos bairros de Prazeres, Cajueiro Seco, Piedade, Candeias, Barra de Jangada e várias comunidades em Pontezinha, vivem o constrangimento de ver o descaso público em frente à suas portas. As águas pútrefres além de serem um risco mortal à saúde, ainda castram o direito de ir e vim dos cidadãos destes bairros.O conjunto habitacional Dom Hélder Câmara, localizado em Piedade é só um exemplo do transtorno que breves 15 minutos de chuva podem provocar naquela região. As ruas viram verdadeiros rios de água suja, alagam residências e estabelecimentos comerciais, aterrorizam os trauseuntes que são obrigados a pôr os pés descalços na água suja. E quando a chuva é mais intenssa (geralmente durante o inverno) os alagamentos são ainda piores. O asfalto é levado pelas enxurradas e os buracos tomam conta das poucas vias públicas pavimentadas da região. Motoristas caem nos buracos e as empresas de ônibus suspendem o roteiro que vai da Avenida Aniceto Varejão (Próximo ao Brasão) ao terminal que fica no Dom Hélder. Os moradores têm que chegar em casa pisando ainda mais nas águas contaminadas por esgotos, além de terem que caminhar um trecho de cerca de 1km em virtude das empresas de ônibus não completarem o roteiro.

Entra governo, sai governo e a situação é a mesma. O desrespeito e o descaso causam indignação nos moradores, que reclamam da situação de maneira solta, não politizada, não organizada. Permanecem imóveis, achando que são incapázes de mudar este quadro... Os moradores já não sabem o que é cidadania. Estão desacreditados. O caótico se tornou normal para muitos. Então as chuvas passam, as ruas secam aos poucos, a falsa normalidade volta a pairar, chega o verão e os problemas acabam por um tempo para voltarem com mais intensidade no ano seguinte.


Assoreamento da Lagoa Olho D'água é a principal causa dos alagamentos.


Não precisa ser especialista para perceber que apenas 10% da cidade de Jabotão dos Guararapes tem saneamento básico. Estes dados são visíveis a olho nú. A divisão de classes traça às áreas que possuem saneamento e as áreas que amarguram a total falta de infra-estrutura. Para ser mais preciso, apenas uma avenida na área sul de Jaboatão tem saneamento descente: a Av. Bernando Vieira de Mello e suas adjacentes (poucas). É a avenida dos ricos, que gozam do privilégio de terem sanemento, pavimentação e ainda uma bela praia na porta de casa, mesmo que devastada pelas marés altas. Nas outras áreas a pavimentação é mínima e precária.
É exatamente nas comunidades localizadas a oeste, comunidadas numa extenção de até 2km até chegar a lagoa Olho D'água, onde o problema é ainda mais grave. Invasões e mais invasões em áreas irregulares se misturam a conjuntos habitacionais e outros bairros de classe média, num visível contraste social.
O crescimento demográfico altíssimo sem nenhuma infra-estrutura já existe há mais de 15 anos, quando começou a migração das pessoas do campo para as grandes áreas urbanas. Nada foi feito pelo poder público da época e hoje o processo de favelização está aumentando ainda mais. Aterros e construções irregulares compõem o cenário daquelas famílias que não têm onde morar. Esgotos ao céu aberto e lama, muita lama... Atrelado a todos estes problemas estruturais da cidade, existe um problema de caráter ambiental que agrava ainda mais o caos nas épocas de chuva, além de, comprometer o ecossitema da região: O ASSOREAMENTO DA LAGOA. O assoreamento é uma espécie de entupimento da lagoa por sedimentos de esgotos e pela própria erosão, já que a maioria das ruas não são pavimentadas. Estes sedimentos (lixo, esgoto, areia e etc) são lançados diariamente na Lagoa Olho D'água e depositados no fundo. Com o passar dos anos estes sedimentos foram se acumunlando e a lagoa perdeu a sua profundidade real que era de cerca de 7 metros. Pesquias realizadas em 1995 pela CPRM-RE/PMJG , indicam que a área mais profunda da lagoa é no centro (1 metro), um pequeno raio, quase que insignificante dentre os quase 400 hectares que a lagoa possui (CLIQUE AQUI E VEJA O ESTUDO TOPOBATIOMÉTRICO E AS PROFUNDIDADES DA LAGOA).
Com quase nada de saneamento básico e com o pouco que existe em estado impróprio ou precário, não há dúvida: em épocas de chuva os alagamentos são constantes. Isto acontece porque a maior parte da água da chuva escoa ao oeste, em direção à lagoa, em virtude do desnivelamento do solo, o qual é cerca de 6 metros mais baixo ao oeste, ou seja, no lado da lagoa. Se você leitor tem um olhar obeservador, já deve ter percebido que a Avenida Bernanrdo Viera de Mello é mais alta em relação às ruas e avenidas ao oeste dela (lado contrário ao mar). Isso que dizer que o desnivelamento é como se fosse um espécie de ladeira (muitas vezes imperceptível ao olho nú) que vai descendo até a lagoa. Quando chove, a água escorre em direção à lagoa que, como já falamos, está assoreada e não consegue suportar a quantidade de água, provocando os alagamentos nos bairros. Além disso, o canal de setúbal ainda é despejado (sem nenhum tratamento- é bom lembrar) dentro da lagoa, o que aumenta ainda mais a quantidade de água e de sedimentos lançados na Lagoa Olho D'água. A SOLUÇÃO deste problema seria a implementação de políticas públicas urgentes de saneamento, além da DRAGAGEM da lagoa. Através da dragagem, os sedimentos (areia, lama, lixo e etc) seria retirados de dentro da Lagoa Oho D'água, aumentando, desta forma, a sua profundidade. Com a profundidade de cerca de 7 metros a lagoa teria condições de aborver 10 vezes mais a quantidade de água das chuvas. Outros problemas de saúde também seriam amenizados, como é o caso da esquitosomose e da filariose. E o que fazer com os sedimentos? Estes sedimentos, segundo especialistas, poderiam ser utilizados no aterro das irrregularidades das margens da lagoa, fazendo com que o espeho d'água se tornasse mais regular, possibilitando a abertura de avenidas às margens da lagoa que, com certeza, desafogariam o trânsito caótico que enfrentamos todos os dias na Av. Bernanrdo Vieira de Mello.

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